Hoje vou falar sobre o que não cuidar da minha dor causou: ainda mais dor, ainda mais sofrimento, me tornei uma pessoa sem sonhos, sem esperança. Me tornei uma pessoa sem brilho, uma mãe distante porque eu não conseguia olhar para aqueles olhinhos desesperados. Eu não sabia nem lidar comigo…
Eu me sentia um lixo quando elas choravam. E eu tomei a decisão mais errada de todas: passar por cima de tudo, gastar cada centavo do que eu tinha buscando preencher um vazio que eu nunca consegui preencher. E vim ao longo dos anos colhendo o que eu jamais teria colhido se eu apenas tivesse me rendido e pedido ajuda.
Eu destruí com as minhas mãos e com a minha covardia tudo o que tinha restado.
Olhando para isso não sei – sinceramente – como o Don aguentou. Quer dizer, eu sei… ele gritava comigo, dizia que ia embora e depois voltava dizendo que só tinha voltado porque ‘uma voz’ dentro dele dizia para ele voltar e ficar.
O homem que foi julgado como culpado por eu ter me perdido, na verdade tinha sido um enviado de Deus para me salvar e me resgatar. E ele não sabia como fazer isso! Ele só me amou. Me amou, perdoou, persistiu e suportou meu sangue afogando muitos sonhos dele. Foi ele quem me levou para o autoconhecimento, foi ele quem me trouxe de volta para Jesus, quem segurou a minha mão e ficou ali quando eu tive que olhar para tudo isso.
Existe cura! E cura passa por aceitação, passa por Jesus e se mantém sendo escolha diária.
Eu demorei 2 anos para resgatar minhas filhas. Isso é o que mais me dói e também o que mais me alegra. Demorei 2 anos para restabelecer minha confiança em Deus, para me permitir fazer planos de futuro e voltar a sonhar. Eu não gritei com Deus, não O acusei, porém, O coloquei debaixo do tapete junto com toda minha dor e virei as costas para Ele.
Ignorei o que Ele sempre foi para mim e assim também ignorei quem eu era para Ele. Me joguei no mundo.
E enquanto isso perdia amizades, perdia a confiança das pessoas, perdia o respeito da minha família e perdia minhas filhas.
O que me curou? Inteligência emocional e conhecer quem eu era de verdade, porque nunca fui o que diziam de mim. Buscar incansavelmente minha verdadeira identidade que eu só encontrei conversando intimamente com Aquele que me conhecia antes mesmo de eu nascer, com aquele que me planejou e que me amou tanto a ponto de saber quantos fios de cabelo tem na minha cabeça.
Quando meus joelhos finalmente se dobraram e eu me entreguei a Jesus é que novos horizontes se abriram. Hoje eu dedico a minha vida para ajudar pessoas com fraturas emocionais profundas e encontrarem sua real identidade.
Essa é a cura completa, que vem como um refrigério, como uma libertação, com novas decisões e um recomeço banhado em amor.
Eu sou prova de que existe cura para traumas e fraturas emocionais. Meu casamento é prova disso. Meus filhos são prova disso.
E não tem como falar do que eu fiz com Deus sem falar do que Ele fez comigo. Para abrilhantar esse testemunho, quero te convidar a refletir sobre a esposa de Jó. Uma história Bíblica que vai falar conosco também sobre esse aspecto: nosso comportamento em meio ao desespero.
O livro de Jó é um dos mais antigos e profundos da Bíblia. Jó era definido como um homem justo e íntegro, que viveu em uma época remota da história (de acordo com pesquisadores, entre 1.800 e 2.000 a.C.), num período anterior ao êxodo liderado por Moisés. Portanto, vivia em tribo nômade, em registros históricos.
As escrituras dizem que ele era rico e influente, possuindo vastos rebanhos, muitos servos e uma família numerosa. Em Jó 1:1 está escrito ‘íntegro e reto, temente a Deus e se desvia do mal’. Isso fazia dele um homem admirado e respeitado. A esposa de Jó é mencionada no livro, logo no início. Não é mencionado seu nome, porém, partilhava da vida de bênçãos, do sucesso e da felicidade ao lado do seu marido. Porém, tudo muda repentinamente quando Jó é atingido por tragédias sucessivas, tem seus rebanhos roubados, sua casa destruída e seus 10 filhos são mortos em um acidente.
Nesse momento a esposa de Jó é colocada diante de uma das provações mais difíceis da vida: a perda devastadora dos seus filhos e a ruína de tudo o que tinham. A reação dela é uma das passagens mais polêmicas do livro, pois ela diz a Jó que amaldiçoe Deus e morra.
Sem dúvidas ela estava sofrendo profundamente diante das tragédias. Se desespero era compreensível e suas palavras refletem a confusão e a dor que ela sentia.
Essa mulher representa a humanidade em sua busca por respostas diante do sofrimento. Ela é um lembrete de que as provações da vida podem testar a nossa fé e a nossa compreensão sobre Deus e do propósito do sofrimento.
O comportamento dela em meio ao desespero nos leva a refletir sobre como reagimos diante das dificuldades e como a nossa fé é colocada à prova em momentos de angústia.